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Papel reciclado
  • Foto do escritorYuri Teixeira

Entenda por que Caraá é o município com mais mortes após passagem de ciclone no RS

Caraá, a cerca de 90 quilômetros de Porto Alegre, é o município com mais mortes provocadas pela passagem do ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul. Com quatro óbitos confirmados até a tarde desta segunda-feira (19), a cidade do Litoral Norte ainda conta com um desaparecido, de acordo com a Defesa Civil do estado.


As características topográficas do município chamam atenção: apesar de pertencer ao Litoral Norte, Caraá está localizado entre a serra gaúcha e o litoral, em um território com características de vale e cercado por rios, incluindo a nascente do Rio dos Sinos e o Rio Caraá. A cidade também tem relevo acidentado, com encostas e cascatas especialmente próximo ao limite com Riozinho.


Para o professor Francisco Eliseu Aquino, Chefe do Departamento de Geografia da UFRGS, a topografia e a geografia dessa região contribuíram para o aumento da água de forma acelerada.


“A localização de Caraá contribuiu para o desastre. A chuva extrema que ocorreu na região tem escoamento facilitado e acelerado nas encostas e vales. Quando o volume de água chega em Caraá, com cerca de 40 metros de altitude, encontra uma planície e, por isso, inunda”, explica Aquino.


Conhecida pela produção de cana-de-açúcar e seus derivados, o município emancipado há 27 anos tem 8.426 habitantes, de acordo com estimativa do IBGE, sendo o 178º mais populoso do Rio Grande do Sul.


A passagem do ciclone pelo estado causou destruição em mais de 40 municípios.


"Boa parte dessa precipitação ocorreu na Região Metropolitana e na serra gaúcha. Então, essa região quando recebe intensa precipitação, canaliza para todos os vales, para os cânions, para todas as bacias de drenagem, um volume de água muito elevado. Esses vales são muito encaixados, são curtos, o que faz ter um salto do nível da água em poucas horas. Isto agrava, porque pega as pessoas, as famílias, normalmente desprevenidas. É um fenômeno muito raro".


"É muito difícil a gente lidar com esses fenômenos extremos, concentrados de precipitação em regiões de Serra ou de encosta, porque essas regiões são naturalmente facilitadoras para inundação", diz Aquino.

Foto: Maurício Tonetto/Palácio Piratini




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