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Papel reciclado
  • Foto do escritorYuri Teixeira

Laudo do IGP indica que ponte pênsil entre RS e SC rompeu por corrosão e falta de manutenção

Laudo técnico encomendado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) indica que a corrosão nos cabos que sustentavam a ponte pênsil que liga as cidades de Torres (RS) e Passo de Torres (SC) foi determinante para a queda da estrutura, que aconteceu em 20 de fevereiro deste ano.


Brian Grandi, de 20 anos, era uma das pessoas que estava sobre a ponte quando os cabos romperam e morreu após cair no Rio Mampituba. O corpo dele foi encontrado quatro dias depois da queda, no mar, em Santa Catarina.


Três peritos engenheiros são responsáveis pelo laudo, que contou com colaboração do Laboratório de Processos Eletroquímicos e Corrosão (Eletrocorr) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O texto ainda traz que há "indícios de que não houve manutenção nem inspeção visual adequadas".

"Uma inspeção mais detalhada teria revelado o estado de oxidação antes do dano catastrófico", diz o laudo.

A morte de Brian é tratada pela Polícia Civil como um caso de homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Quem assumiu a investigação inicialmente foi a delegacia de Passo de Torres, em Santa Catarina.


Sobre o laudo, a Polícia Civil catarinense disse que ainda analisa a documentação e que não tem prazo para concluir a investigação. Além disso, que, até agora, o inquérito não define de quem é a responsabilidade pela manutenção da ponte – se a prefeitura de Passo de Torres ou Torres. A Polícia Civil no Rio Grande do Sul avalia, ainda, a possível responsabilização de agentes públicos no caso.


Em contato com as prefeituras, elas optaram por não dar entrevista sobre o laudo. No entanto, Torres disse que a responsabilidade pela manutenção da ponte era de Passo de Torres. Já Passo de Torres disse que a manutenção era feita de forma conjunta entre os municípios.


Em 23 de fevereiro, as duas prefeituras garantiram que a manutenção da ponte estava em dia. Porém, não apresentaram documentos que comprovavam a afirmação.


A Eletrocorr analisou pedaços de três cabos de aço da ponte. Os trechos em análise ficavam próximos dos pontos onde houve o rompimento. Todos apresentavam corrosão em diferentes níveis de intensidade. A perda da espessura devido à corrosão chegava até 22%.


O laudo descreve uma "situação de corrosão sob tensão". Para os peritos, "o cabo rompeu por forte oxidação esfoliativa associada ao trefilamento dos cabos" e que "uma inspeção visual superficial revelaria o estado de dois dos três cabos". Além disso, que a região que rompeu estava "há muito comprometida".


"O estado de corrosão de dois cabos é tão intenso que não teriam condições de resistir a esforços mecânicos maiores por muito tempo (...) Apresentaram típica ruptura esfiapada de cabos que romperam aos poucos (...) [Um deles] apresentava um tipo de óxido que leva bastante tempo para se formar (...) Mesmo longe da ruptura, a estrutura estava muito comprometida. Muitos filamentos se transformaram em quase 100% de óxido",


Além disso, o laudo aponta que grampos de fixação foram usados em desacordo com a norma legal e em número menor que o indicado.


O documento atesta ainda que a região do rompimento seria uma área de acúmulo de água. "A água escorre pelo cabo e o ponto de ruptura é onde a água se acumula antes de pingar", diz.


A informação é importante para o IGP porque a fabricante orienta, para ambientes encharcados, a primeira manutenção em 10 anos. A ponte data de 1984 e as amostras não aparentam terem recebido proteção, segundo o laudo.


Uma placa na entrada da ponte indicava capacidade máxima para 20 pessoas. O laudo traz que, se fossem seguidas as medidas de segurança em conformidade com a legislação, a ponte poderia suportar quantidade maior de pessoas.



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