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Papel reciclado
  • Foto do escritorLucas Bichinque

Médicos relatam demora de mais de 1h para contato com Samu e deslocar pacientes graves no RS



Médicos relatam demora de mais de uma hora no contato com plantonistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o deslocamento de pacientes graves entre unidades de saúde e hospitais. A atividade é de responsabilidade dos reguladores que atendem na central, que fica em Porto Alegre e responde para 269 municípios do RS.


Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) afirmou que "ao observar os tempos de atendimento, é possível verificar que estão dentro do padrão de avaliação técnica". A SES acrescentou que "reforça seu compromisso de transparência e informação de forma adequada". (Leia a íntegra abaixo)


Em um dos casos apurados pelo Grupo de Investigação (GDI) da RBS, ocorrido em 27 de maio, a mãe da própria médica que pediu a remoção, acabou morrendo. A mulher havia sofrido um infarto e foi levada ao hospital de Tuparendi, no Noroeste do RS. A paciente precisava ser transferida, com urgência, para Ijuí.


"A gente faz a ligação para o 192 e cai lá para a central de regulação, onde passamos as informações do quadro do paciente. E eles nos encaminham uma ambulância que está mais próxima", relatou a filha da paciente.


A filha afirma que decorreram mais de 45 minutos até ela conseguir falar com um médico regulador. Segundo ela, o ocorrido se repete sistematicamente.


"Com certeza foram mais de 45 minutos até que eu consegui falar e que fosse regulado o leito. Aí então eles ligaram para a central encaminhar a ambulância de Santa Rosa para o município que eu estava e levar minha mãe para Ijuí. É uma coisa bem rotineira ligarmos e ficarmos muito tempo na ligação, não foi só nesse caso em específico que aconteceu", sustenta.


A paciente precisava realizar um cateterismo — um exame dentro da artéria obstruída — para que o tratamento mais adequado fosse definido. Conforme a filha, em casos como esse cada minuto é importante.


"Quanto mais tempo demorar, mais função miocárdica tu perdes, menor a chance de recuperar o paciente", informou.


A mãe da médica morreu ao chegar no hospital em Ijuí. Seis plantonistas deveriam estar atendendo, naquela data e horário, na central de Porto Alegre. Relatórios obtidos pelo GDI apontam que apenas uma profissional atendeu, entre as 4h e as 7h, e ainda cumpriu apenas um terço da jornada obrigatória de 12 horas. A SES tem outra informação. Diz que o Samu recebeu o chamado às 7h32 e que às 7h39 o médico autorizou o deslocamento da ambulância.

"O médico do Interior, ele depende do hospital de grande porte da Capital para dar continuidade ao tratamento do paciente. Então, quem detém o poder de regular esse paciente para dentro de Porto Alegre é essa central", explica o ex-enfermeiro da Samu Cleiton Félix.


Outro caso

Em São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, um outro paciente também com problema cardíaco havia sofrido um infarto e precisava de um cateterismo com urgência para examinar uma artéria obstruída. O médico de uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) tentava a transferência para um hospital especializado.


Eram 15h30 do dia 14 de agosto. Na época, o profissional registrou em vídeo o problema.


"Sobre aquele paciente do infarto, agora eu estou exatamente uma hora e dois minutos praticamente aguardando. Esta é a segunda vez que estamos ligando. O Samu não me atende", disse na gravação o homem, que prefere não se identificar.


O paciente foi removido para a Santa Casa, em Porto Alegre, uma hora e meia depois. Ele recebeu alta posteriormente. Mesmo tendo sobrevivido, o idoso de 83 anos poderia ficar com sequelas.


"Tempo é a vida do paciente nestes casos. E a gente perdeu uma hora, como os vídeos mostram aí, tão somente para falar com o colega da regulação. Certamente, se tu demoras a fazer um cateterismo de emergência, o paciente vai evoluir mal, vai evoluir com alguma disfunção, com algum grau de insuficiência cardíaca", explicou o médico.


Seis médicos estavam na escala, naquele dia, entre 7h e 19h. Conforme o GDI, metade deles não trabalhou no turno da tarde. Com menos reguladores, há mais demora para atender aos chamados. A SES contesta e informa que recebeu o chamado às 16h37 , acionando uma ambulância às 16h54.

Nota da Secretaria Estadual da Saúde

A Secretaria da Saúde reitera que o repórter não informou, antes da publicação, sobre quais casos iria tratar. A partir da publicação, houve possibilidade de avaliar cada um deles.


Ao observar os tempos de atendimento, é possível verificar que estão dentro do padrão de avaliação técnica. No primeiro caso, transcorreram oito minutos entre o recebimento da ligação e o acionamento da Unidade Móvel de Suporte Avançado. Já no segundo caso, o sistema registra duas quedas de contato e a unidade móvel é chamada em 17 minutos pelo médico regulador - após contato com hospital de destino em Porto Alegre. Os dados são do sistema que registra as ligações da regulação do SAMU.


A regulação de pacientes se dá de forma descentralizada, com médicos reguladores em Porto Alegre e municípios do interior. Durante o período apresentado (das 4h até 7h) foram regulados 128 pacientes.

Por fim, a SES reforça seu compromisso de transparência e informação de forma adequada.


Com relação a paciente do município de Tuparendi:

7h32 - Chamado recebido pela Central de Regulação do SAMU 7h34 - Ligação transferida para Médico Regulador 7h39 - Médico Regulador autoriza deslocamento da Unidade Móvel de Suporte Avançado 7h40- Base sinaliza ciência


Quanto ao caso de São Leopoldo:

16h37 - Chamado recebido pela Central de Regulação do SAMU 16h39 - Ligação transferida para Médico Regulador 16h49 - Médico Regulador realiza contato com Hospital Santa Casa de Porto Alegre para receber paciente 16h54- Acionada Unidade Móvel de Suporte Básico

Fonte: G1 RS

Foto: Reprodução | RBS TV

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