Celso Adão Portella morreu há cerca de sete anos e foi vítima de queda da própria altura. As informações foram confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública em coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira (18). O corpo do idoso, que atualmente teria 80 anos, foi encontrado dentro de uma mala em uma geladeira de um apartamento durante uma ordem de despejo, no dia 20 de setembro deste ano. A companheira dele, uma técnica de enfermagem, de 37 anos, foi indiciada por ocultação de cadáver e maus-tratos contra a filha dela.
"Foi evidenciada uma fissura na parte frontal do crânio, isso indica que ele teve, antes da morte, um traumatismo craniano, decorrente de uma possível queda, visto que a fissura era diminuta, não podia ter sido causada por nenhum instrumento contundente, nenhuma ação contusa", disse o perito e diretor do Instituto Médico Legal de Sergipe, Victor Barros.
Ainda segundo o diretor, a perícia não determinou se houve ou não homicídio. "A perícia não é capaz de informar se essa queda foi espontânea, ou seja, se ele escorregou e caiu, ou se ele foi empurrado.
Vale ressaltar que ele era uma pessoa com mobilidade reduzida, visto que já possuía uma enfermidade no joelho, fato que gerou o implante de uma prótese. Possuía também diagnóstico de doença de Parkinson, o que também contribui para a perda de mobilidade".
Segundo a perícia, o idoso caiu, bateu a cabeça, e entrou em um chamado 'intervalo lúcido'. "É o tempo em que o sangue começa a se acumular na caixa craniana. Quando chega no momento em que o sangue já é vultoso, ele gera um processo intracerebral, que gera o coma, e em seguida, a morte", explicou Barros.
Quem era a vítima?
De acordo com a família, Celso Adão Portella era natural de Ijuí, no Norte do Rio Grande do Sul, mas construiu a vida em Porto Alegre (RS). Ele deixou o estado em 2001, quando a mãe morreu, foi para o Espírito Santo e familiares perderam contato. Celso é um de 12 irmãos e deixou quatro filhos no estado.
O advogado veio para Sergipe a convite da Universidade Tiradentes, onde trabalhou de 2005 a 2008 como professor e coordenador do curso de direito do campus de Propriá (SE). Segundo a Polícia Civil, ele recebeu aposentadoria até 2019 pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Um histórico de movimentação bancária foi solicitado pela polícia.
No dia 23 de outubro, o corpo foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe e levado para o Rio Grande do Sul, onde foi sepultado.
A suspeita
A companheira de Celso, um técnica de enfermagem, de 37 anos, foi presa por ocultação de cadáver e maus-tratos contra a filha dela, de quatro anos, que residia no imóvel onde o corpo foi encontrado. Além do corpo no local, o apartamento estava sujo, com lixo entulhado e objetos espalhados. Para a polícia, a situação era insalubre para a criança, que está em acompanhamento do Conselho Tutelar e foi encaminhada para a família materna.
Em depoimento à Polícia Civil, ela informou que a vítima teria morrido em 2016, mas negou ter cometido o homicídio. A mulher disse que saiu para trabalhar e, quando voltou para casa, encontrou o homem, com quem tinha um relacionamento amoroso desde 2008, morto. Por medo do que iriam pensar dela, escondeu o corpo na mala e colocou na geladeira.
Segundo a defesa, ela está internada no Hospital de Custódia e deve passar por nova avaliação em janeiro de 2024.
Como o corpo foi encontrado?
Na manhã do dia 20 de setembro, a Polícia Militar foi até o apartamento, no Bairro Suíssa, na Zona Sul de Aracaju, para dar suporte ao cumprimento da ordem de despejo por falta de pagamento do aluguel.
Em um quarto do imóvel encontrou a mulher ferida, e, na sala, a filha dela. Ambas foram atendidas por uma equipe do Serviço Móvel de Urgência (Samu), que constatou que a mulher teria tentado tirar a própria vida. A criança não estava ferida.
À tarde, um oficial de Justiça que estava atuando na ação, e um homem contratado para fazer a retirada dos móveis do local, encontraram o corpo dentro da geladeira, que estava amarrada por cordas. O corpo estava em avançado estágio de decomposição, em posição fetal.
Por causa dessa constatação, a mulher foi presa e levada a prestar depoimento na delegacia. Após avaliação psiquiátrica, foi internada.
Fonte: G1 RS
Foto: Reprodução | Jairo Júnior
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